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morde
a
boca
na

do
rosto
impaciente
atravessa
o
córrego
até
me
encontrar
dormindo
no
rio
nas
sombras
a
orelha
e
o
poço
uma
pancada
seca
piano
na

erosão
sonolento
estico
o
braço
para
alcançar
as
cordas
gastas
do
balanço
fitas
azuis
marcam
o
pouso
suave
de
um
náufrago
buscando
cidreiras
de
linho
arranhando
o
oboé
com

o
polegar
abrigo
os
olhos
na
trilha
de
eucaliptos
em
algum
lugar
úmido
é o
vazio
começo
a
compor
o
sono
vermelho
da
semelhança
cascas
de
maçã
translúcidas
movimentam-se
como

barcos
rosados
se
decompondo
no
quintal
azul
o
dia
revela
os
detalhes
de
uma
tigela
quebrada
um
alfinete
enterrado
no
sal
minúsculos
pedaços
de
lua
indo
embora
a
canoa

de
grafite
repousa
sobre
a
horta
alguns
tijolos
aparecem
a
flor
da
água
os
olhos
o
nariz
e
a
boca
o
topo
dos
edifícios
buscam
ar
como
peixes
na

extremidade
de
um
lago
vasculhando
alvéolos
continuando
a
respirar
acordo
transfigurado
numa
nascente


Ulysses Boscolo, estiagem de inverno, 27 de julho de 2018.
Dedicado ao amigo E.B.

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